terça-feira, 7 de maio de 2013

terror |ô|



Por Victor Serebrenick
s. m.
1. Pavor, pânico, grande medo.
2. Qualidade de terrível.
3. Regime político caracterizado por prisões e morticínios.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

“Um dia, a humanidade brincará com o direito, como as crianças brincam com os objetos fora de uso, não para devolvê-los a seu canônico e, sim, para libertá-los definitivamente dele”. Giorgio Agamben

“O Estado é aquele negócio que tem o monopólio pra te foder”, assim foi traduzido por um intelectual festivo o pensamento do filósofo alemão Marx Weber, que dizia que o governo tem o monopólio legítimo da violência para manter a ordem estatal. A ordem internacional global amplifica o Estadismo moderno como norma totalizante, mas também possibilita a difusão ideias e lutas anti-estabilishment, contra a opressão Estatal.

No fim dos anos 60 militantes do movimento Pantegra Negra nos Estados Unidos já tinham cópias do Manual do Guerrilheiro Urbano de Carlos Marighella, o movimento que rejeitava ser representado por um governo que oprimia explicitamente sua raça foi sabotado com a gangrena da heroína – se isso não é uma arma química não sei o que é – numa ação contra-terrorista do próprio país. Questionar o Estado como uma arma de destruição em massa.

As ditaduras latino-americanas deram aula, “juridificaram” direitinho a situação dos subversivos-terroristas. Todos nossos Bananas de uniforme enquadraram o terror na lei, era um estado de guerra sem inimigo, o adversário era a incerteza do amanhã, o questionamento da realidade, a resistência à opressão; o ressentimento virou política estatal. A lógica da exclusão “terrorifica” a pobreza no Brasil de 530 mil aprisionados.

O neodesenvolvimentismo brasileiro dos megaeventos criou um estado de exceção capitaneado pelo Estado junto ao Grande Capital, com a benção da lei direitos humanos são esquecidos por um bem maior institucional. A defesa dos atingidos já virou perigo ao desenvolvimento nacional; a PL – 728/2011, da base governista (PT, PRB e PP), conhecida também como “AI-5 da Copa” empodera a polícia e a FIFA contra qualquer um que caiba na definição de terrorista, nada clara no redação jurídica, durante as comemorações futebolísticas no país. O direito é marginal na democracia direta do capital.

Marx definiu o Estado como braço repressivo da burguesia, a polícia aplica a lei da elite dominante que se mantém no poder pela manutenção da ordem. Para o mesmo autor, sempre contemporâneo, a modernidade política define-se pela contradição entre Estado e sociedade civil, deste modo, a separação entre vida social e política deve ser suprimida como forma de superação do Estado moderno e consagração democrática. Não existem tipos de pessoas com direitos de tipos diferentes, todos merecem justiça da mesma forma, liberdade da mesma forma, pois é no vácuo dela que se cria o terror, o medo, a barbárie.



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