quinta-feira, 25 de abril de 2013

De qualquer lugar que estejamos a qualquer hora estaremos


Por Rafael Broz

Um dia desses me peguei pensando que casos amorosos, além de uma relação de afeto, sexo e amizade, são também importantes referências comportamentais. Relembrando as pessoas com quem tive algum tipo de relação em minha vida, constatei que todas possuíam uma característica em comum que a mim sempre causou estranheza: elas dormiam com o celular ligado. “Ah, não deixa ligado não”, sempre diz este insone que desliga o aparelho móvel todas as noites devido ao valor que dá para cada minuto de descanso. Elas sempre respondem alguma coisa como: “mas alguém pode ligar”.

É evidente os enorme avanços tecnológicos conquistados nas últimas décadas no campo da telecomunicações. Me lembro que quando criança era necessário o auxilio de uma telefonista para realizar uma simples ligação para a vizinha, Argentina. Hoje uma videoconferência em tempo real pode ser feita gratuitamente de qualquer lugar com um laptop conectado a internet. Email, Facebook, Twitter, Skype, Google, Instagram, Whatsapp e não sei mais quantas ferramentas que duas décadas atrás só habitavam os filmes de ficção e agora, de forma quase natural, já fazem parte de nossa vida nos conectando a tudo e todos a todo o momento.

Seria pretensioso da minha parte tentar indicar aqui as implicações sociológicas da vida online sem um estudo mais aprofundado. O que exponho são apenas simples observações. É seguro dizer que o tempo e o espaço, assim como a produção e os afetos, são envolvidos e transformados por esse fenômeno tão representativo do século XXI. Não se encontra mais desencontros, algumas distâncias encurtaram, o controle é mais capilarizado e o ponto do trabalho tornou-se a bateria do celular.

Vivemos conectados por ferramentas eletrônicas, é uma realidade inescapável, mas que tipo de conexões queremos estabelecer? Convenhamos que existe uma boa diferença entre conversar com um amigo que mora longe e receber o telefonema do seu chefe num domingo de manhã. Podemos abrir nossas caixas de e-mail ler uma mensagem de amor e em seguida um anúncio de um método novo de alongamento peniano. Quem sabe o que nos espera na próxima mensagem? Estamos sempre aí para tudo e todos, somos diversas identidades cibernéticas de fácil acesso e controle.

Longe de mim querer estabelecer uma apologia a qualquer tipo de primitivismo ou saudosismo tolo. A luta contra os avanços tecnológicos do campo da comunicação, além de uma causa perdida, trata-se da manifestação de uma patologia onde o individuo cria um passado idealizado que supostamente é ameaçado por esses novos adventos. A maneira que me parece mais razoável de se lidar com a questão é nos apropriarmos das infinitas possibilidades positivas e maximizá-las ao passo que tentamos nos desviar dos efeitos negativos de toda essa revolução digital. Portanto é necessário questionar o fenômeno de conexão ilimitada e de superexposição para poder usufruir das benesses. Eu, por aqui, sigo deixando meu celular desligado enquanto durmo.

3 comentários:

  1. Tem caô não Broz, os fdps dos teus amigos quando quiserem te acordar pra você resgatá-los de algum buraco têm seu telefone fixo, haha.

    ResponderExcluir
  2. Broz, o tratamento de aumento peniano que vc fez não se iniciou por um spam em seu e-mail?

    ResponderExcluir
  3. Sim, mas infelizmente não deu resultado e continua pequeno.

    ResponderExcluir