terça-feira, 23 de abril de 2013

Como vai o Paraguai ?


Por Victor Serebrenick

Neste último fim de semana a República do Paraguai elegeu seu novo presidente, Horacio Cartes, do Partido Colorado, e assim voltou aos trilhos do caminho marginal da história do nosso vizinho.

Desde sua independência em 1811 se distanciava comercial e politicamente dos outros países da região em termos estratégicos, ao se isolar seus líderes buscavam não depender dos gigantes Brasil e Argentina e ao mesmo tempo não ser engolido pelos mesmos. O presidente Carlos Lopez modernizou o país, criou imprensa própria, priorizou campos como a educação e a cultura no país, além de diminuir seu isolamento.

Infelizmente a morte de “Don Carlos” em 1862 deixou como herdeiro seu filho, Solano Lopez, criado para ser o novo líder de Assunção o futuro ditador conheceu na Europa o que havia de mais moderno em nacionalismo expansionista, Napoleão III, e assim buscou trilhar os mesmos caminhos do colega francês.

O governo de Solano Lopez operou uma escalada no investimento militar e buscou uma estratégia para o grande Paraguai. Nesta época haviam diversas disputas fronteiriças na região, em sua maioria entre repúblicas hispânicas e o Brasil, além da guerra civil no Uruguai, na qual o vizinho ao norte usava armas e dinheiro, para escolher o vencedor e manter suas influências na então província Cisplatina.

A escolha do Brasil como inimigo foi a estratégia de Solano para reunir os hispânicos contra o Império tupiniquim, em 1864 tropas paraguaias invadem o Brasil e ocupam parte do Mato Grosso. A esperada ajuda militar das repúblicas hispânicas não veio e em seguida formou-se uma tripla aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o governo López, tendo como principal força o primeiro, que faria de tudo para retirá-lo do poder, e assim o fez. A Guerra do Paraguai, apelidada de Maldita Guerra no livro de Francisco Doratioto, levou à morte de milhões de soldados e de um país inteiro.

Desde então o país passou por mais um grande confronto militar, a Guerra do Chaco, diversas guerras civis (1904, 1908, 1912, 1920, 1921, 1922 e 1947) e enfim, a mais longa ditadura da região com o general Stroessner que ficou no total 35 anos no poder. O marginalidade do país se consolidou, foi o único aliado da África do Sul na crise do sistema de apartheid, possui a maior concentração de terras no mundo e ainda funciona como centro de operações de contrabando e narcotráfico na região.

A eleição do ex-bispo Fernando Lugo em 2008 retirou do poder o partido Colorado, que estava há 61 anos no poder, deu espaço para uma nova política no país seguindo a “onda progressista” na América do Sul em que elites históricas tem perdido espaço para representantes populares, como no Brasil, Venezuela, Bolívia e Equador. A falta de apoio ao presidente no legislativo levou à uma crise que resultou num golpe parlamentar, chamado de impeachment pelos golpistas e pela grande mídia.

O nova presidência do Paraguai reinstaura a hegemonia política do partido Colorado e tenta esquecer o golpe contra Lugo, o vencedor do pleito representa o que há de pior no país, o maior contrabandista de cigarros para o Brasil, um empresário multimilionário que usa a pátria paraguaia como balcão de negócios escusos.

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