*Rafael Broz
Futebol pode ser muitas coisas, menos só um jogo, como uns tantos ainda defendem. Aqui o conceito de fetichismo, tal como concebe Marx, me parece muito apropriado para a análise. Marx dizia que as mercadorias carregavam consigo, de forma abstrusa, relações sociais. Assim também é o futebol. Não se trata só de um jogo, de um evento, de um estádio (jamais me renderei a babaquice marqueteira que é chamar estádio de “arena”), estamos falando do esporte mais popular do planeta, de uma atividade que mobiliza bilhões de dólares e de vidas. Futebol é negócio, esporte, arte, política, afeto e o que mais que vocês queiram que ele seja.
Futebol pode ser muitas coisas, menos só um jogo, como uns tantos ainda defendem. Aqui o conceito de fetichismo, tal como concebe Marx, me parece muito apropriado para a análise. Marx dizia que as mercadorias carregavam consigo, de forma abstrusa, relações sociais. Assim também é o futebol. Não se trata só de um jogo, de um evento, de um estádio (jamais me renderei a babaquice marqueteira que é chamar estádio de “arena”), estamos falando do esporte mais popular do planeta, de uma atividade que mobiliza bilhões de dólares e de vidas. Futebol é negócio, esporte, arte, política, afeto e o que mais que vocês queiram que ele seja.
A
copa do mundo, que foi sim a melhor de todos os tempos, carrega consigo, assim
como um cubo mágico, múltiplas faces móveis que podem e devem ser
exploradas e deslocadas. Convivem nessa Copa a coreografia do time
alemão e os milhares de removidos, a ótima organização e
hospitalidade do nosso país e a xenofobia de uns e outros, a
redenção do futebol ofensivo e a ultra militarização das favelas,
um estado de exceção positivo onde vale abandonar o trabalho e
ficar bêbado numa terça-feira à tarde e um estado de exceção
negativo onde é possível ser preso pelo simples fato de
manifestar-se politicamente. A glória, a vergonha, o êxtase e a
humilhação nunca caminharam tão juntos. Nossos sentimentos estão
confusos.
O
coração e a mente não são camas de solteiro aonde só descansa
um. É possível amar e odiar a mesma pessoa da mesma forma que admirar o futebol e estar ativo na luta política ou não, afinal
ninguém é obrigado a politizar-se e tomar partido das disputas do
país assim como ninguém tem a obrigação de gostar de futebol. A
ideia de que existe algum tipo de contradição nessa atitude é tão
fantasiosa quanto a carta da Dona Lúcia.
A
nossa existência é demasiadamente efêmera e fugaz e o que nos
resta são os presentes que a história nos brinda. Me sinto feliz
por ter sido agraciado com uma copa do mundo, esse grande almoço de domingo
das nações, bem realizada no meu país, pela chance de ver essa
brilhante geração de jogadores de diversas nacionalidades e por
toda a alegria e diversão que tive nas últimas semanas. Por outro
lado sinto que faltou Brasil. Faltou Brasil nas arquibancadas, faltou
Brasil em campo, faltou Brasil na política. Que a vitória nos
ensine que nosso país pode sim ser tudo que queremos que ele seja,
que os brasileiros somos pessoas fantásticas e que nossas culturas
são maravilhosas. Com as derrotas devemos repensar nosso futebol,
nosso modelo de desenvolvimento, nossas relações.
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