Por Victor Serebrenick
Neste último fim de
semana a República do Paraguai elegeu seu novo presidente, Horacio
Cartes, do Partido Colorado, e assim voltou aos trilhos do caminho
marginal da história do nosso vizinho.
Desde sua independência
em 1811 se distanciava comercial e politicamente dos outros países
da região em termos estratégicos, ao se isolar seus líderes
buscavam não depender dos gigantes Brasil e Argentina e ao mesmo
tempo não ser engolido pelos mesmos. O presidente Carlos Lopez
modernizou o país, criou imprensa própria, priorizou campos como a
educação e a cultura no país, além de diminuir seu isolamento.
Infelizmente a morte de
“Don Carlos” em 1862 deixou como herdeiro seu filho, Solano
Lopez, criado para ser o novo líder de Assunção o futuro ditador
conheceu na Europa o que havia de mais moderno em nacionalismo
expansionista, Napoleão III, e assim buscou trilhar os mesmos
caminhos do colega francês.
O governo de Solano
Lopez operou uma escalada no investimento militar e buscou uma
estratégia para o grande Paraguai. Nesta época haviam diversas
disputas fronteiriças na região, em sua maioria entre repúblicas
hispânicas e o Brasil, além da guerra civil no Uruguai, na qual o
vizinho ao norte usava armas e dinheiro, para escolher o vencedor e
manter suas influências na então província Cisplatina.
A escolha do Brasil
como inimigo foi a estratégia de Solano para reunir os hispânicos
contra o Império tupiniquim, em 1864 tropas paraguaias invadem o
Brasil e ocupam parte do Mato Grosso. A esperada ajuda militar das
repúblicas hispânicas não veio e em seguida formou-se uma tripla
aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o governo López,
tendo como principal força o primeiro, que faria de tudo para
retirá-lo do poder, e assim o fez. A Guerra do Paraguai, apelidada
de Maldita Guerra no livro de Francisco Doratioto, levou à morte de
milhões de soldados e de um país inteiro.
Desde então o país
passou por mais um grande confronto militar, a Guerra do Chaco,
diversas guerras civis (1904,
1908, 1912, 1920, 1921, 1922 e 1947)
e enfim, a mais longa ditadura da região com o general
Stroessner que ficou no total 35 anos no poder. O marginalidade do
país se consolidou, foi o único aliado da África do Sul na crise
do sistema de apartheid, possui a maior concentração de terras no
mundo e ainda funciona como centro de operações de contrabando e
narcotráfico na região.
A eleição do ex-bispo
Fernando Lugo em 2008 retirou do poder o partido Colorado, que estava
há 61 anos no poder, deu espaço para uma nova política no país
seguindo a “onda progressista” na América do Sul em que elites
históricas tem perdido espaço para representantes populares, como
no Brasil, Venezuela, Bolívia e Equador. A falta de apoio ao
presidente no legislativo levou à uma crise que resultou num golpe
parlamentar, chamado de impeachment pelos golpistas e pela grande
mídia.
O nova presidência do
Paraguai reinstaura a hegemonia política do partido Colorado e tenta
esquecer o golpe contra Lugo, o vencedor do pleito representa o que
há de pior no país, o maior contrabandista de cigarros para o
Brasil, um empresário multimilionário que usa a pátria paraguaia
como balcão de negócios escusos.
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